Manoel
Ferreira Nobre, Tenente adjunto nasceu em Natal-RN, a 9 de abril de 1813,
batizou-se em 21 de março de 1824 e faleceu em Papari, atual cidade de Nísia
Floresta-RN, em 15 de agosto de 1897. Funcionário público, autor da “Breve
Notícia sobre a Província do Rio Grande do Norte”, -primeiro resumo histórico
do Estado. Foi o primeiro comandante do Corpo Policial, nomeado em junho de
1834, pelo então presidente da Província do Rio Grande do Norte, Basílio Quaresma
Torreão (31/07/1833 a 01/05/1836) e exonerado em setembro de 1835
Pouco ou nada se conhece da sua infância e
adolescência. Descendente de tradicional família norte-riograndense, os
Ferreiras Nobres, exerceu os cargos de vereador, deputado provincial,
Oficial-Maior da Assembléia Legislativa Provincial, Capitão da Guarda Nacional,
ajudante de ordens do Presidente Leão Veloso e encarregado da Biblioteca
Provincial, no qual aposentou-se.
Em Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande
do Norte, o capítulo VII é dedicado à cidade de Mossoró. Devemos aqui fazer um
esclarecimento: quando de sua visita em 1861, Mossoró era Vila de Santa Luzia.
Em 1877, quando publicou seu livro, Mossoró já era cidade, graças a Lei
Provincial nº 620, de 9 de novembro de 1870. Vejamos como era Mossoró na
época:
Sobre os costumes: "O povo se lança ao
trabalho com uma atividade verdadeiramente pasmosa. Os rigores do tempo, a
rudeza dos campos e a falta de braços não o fazem empecer. As mulheres
distinguem-se por sentimentos sublimes, profundos e generosos. O luxo,
esse cancro, companheiro fiel dos vícios, é completamente desconhecido da
população de Mossoró".
Sobre o comércio: " De dia em dia, vai
fazendo progresso espantoso".
Sobre a agricultura: "O território da cidade
de Mossoró é fertilíssimo para todo o gênero de cultura".
Sobre a indústria: "Um dos ramos de
indústria de Mossoró consiste na preparação de queijos. A borracha de
mangabeira se está colhendo há dois anos, em diversos pontos do território da
cidade. É uma indústria que promete um bom resultado. A fabricação
de velas de cera, tiradas das carnaúbas, é um ramo da indústria que emprega uma
grande parte da população, com muito proveito.
Sobre sal: "Seis léguas ao nordeste da
cidade, encontra-se riquíssimas salinas de uma superfície de perto
de 50 Km2, produzindo uma quantidade de sal superior, o mais estimado
dentro e fora da província. Calcula-se o sal fabricado em seis milhões de
quilogramas, que, quase todos, são transportados para o centro no dorso de
cavalos e burros, em comboios de até 200 animais".
Sobre a arquitetura da cidade: "Nas
construções modernas, alguma coisa possui que honra a cidade. Já algumas ruas
estão arborizadas".
Sobre jornal, Ferreira Nobre registrou:
"Atualmente publica-se O Mossoroense, ignora-se a data do seu
aparecimento. É político e consagra-se às questões locais. Publica-se uma vez
por semana e a sua assinatura é de 6$000 por ano".
Sobre hospedaria: "Hotel, no largo da
Matriz. Proprietários Valério & Medeiros. Ocupam dois vastos edifícios nos
melhores pontos da cidade, tendo quartos mobilhados, salas de jantar etc. O
tratamento é bom e variado o serviço de mesa".
Exportação: "Sal, courama, queijos, algodão,
cera de carnaúba, grande quantidade de velas da mesma cera, chapéus de couro e
esteiras de palha de carnaúba".
Manoel Ferreira Nobre é considerado o primeiro
historiador do Rio Grande do Norte e as suas informações sobre Mossoró é de
grande importância para estudiosos modernos, pela riqueza de detalhes contidos
em seu livro. Morreu no ano de 1897, com 73 anos de idade.
FONTE – O MOSSOROENSE
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